terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Nossa, depois de tanto tempo de blog adormecido, senti uma necessidade enorme de vir aqui hoje.

Tantas coisas aconteceram desde o ultimo escrito.Coisas boas, ruins,corriqueiras, com importância, sem importância.

Fiquei mais velha.Tô quase ficando mais velha de novo.Marina continua linda, feliz, palhaça, enorme e cheia de vida.

Eu continuo eu.Mas, mais experiente, mais intuitiva, mais serena e mais espiritualizada.Mas também mais apressada, mais corrida, mais teimosa e mais leonina do que capricorniana.

Não senti nenhuma vontade de atualizar nada no meu blog até o momento.É a vida que é corrida,mas acima de tudo a falta de desejo de vir aqui.Vai entender!? deve ser meu lado "caprileão", como talvez dissessem minhas amigas pimentas.

Hoje senti enorme vontade de derramar minhas palavras.Tô triste.Arrasada.Faltando pedaços.Mas, não tô remoendo história, nem querendo achar os porquês.Só vivendo a tristeza.Como tem que ser.Ela precisa se esgotar.Triste e conformada. Pode isso? Pode.

Descubro a cada prova da vida que estou cada vez mais evoluindo.E só consigo atribuir tudo isso a fé e a espiritualidade que conheci há anos atrás, mas que venho incorporando a meu dia a dia há muito tempo.Nada melhor na vida do que entender o significado da fé.O tamanho de Deus e tudo o que ele quer nos proporcionar.

Há quase 3 meses atrás descobri que estava grávida.Vivi intensamente a gravidez de um primeiro trimestre.As chatices de passar mal quase todos os dias, o aprendizado de lidar com as oscilações de humor, ir da alegria a tristeza em segundos.Coisas que só as gravidas podem dizer com veemência o que são os famosos 3 primeiros meses de uma gestação.Taí, eu consegui ser feliz ao extremo e triste as vezes.Mas, uma coisa é certa.Amei com todo o meu coração cada partezinha desse carrossel de sensações gravidicas.

Acontece que neste final de semana descobri que não mais era possível viver nesse momento, a gestação, que foi interrompida, por obra de Deus.Sem saber exatamente como, quando e nem porque, ele se foi.Não sabia se esse anjo tinha sexo ou não.Sei que ele foi bem generoso comigo.Foi embora sem dar adeus, sem me dar susto e ainda me preparou inconscientemente para a noticia.Há cerca de 2 semanas atras mais ou menos, sentia como se ele não estivesse mais presente.Comentei com meu marido e com amigas muito proximas que achava que algo não estava bem,mas não tinha nenhum sintoma que me fizesse despertar interesse maior em averiguar e me deixei envolver pelas palavras de conforto deles.E vivi cada semana até chegar a 11a cuidando e amando muito meu bebê.Estava feliz e plena de novo.

Até que veio a noticia de que ele se foi.Que coisa esquisita essa de uma vida ir sem nem chegar direito, né? Sem eu vir seu rosto, saber quem ele é, qual seu nome, e qual sua história.Mas, era para ser assim.Desse jeito que foi.E Deus é tão generoso comigo, que fez uma mágica mesmo.O levou sem sofrimento.Será que posso dizer que ele se foi dormindo? em silêncio? quase posso me autorizar a dizer que sim.Meu corpo "absorveu" seu corpo. Palavras médicas.E quem sou eu para pedir explicações.Nem teria para dar, disse a médica da ultrassonografia.Pode acontecer dessa forma.Por algum motivo o coraçãozinho pára de bater e o corpo entende essa perda e faz seu trabalho.A medicina me explicou.Ok.Pouco me importava a teoria médica.Com todo respeito aos médicos, mas só pensava no lado espiritual de se perder um filho.

Sensação de vazio.Só pensava em Deus.E o quanto ele realmente é generoso comigo.Uma vez eu ouvi essas palavras de uma espirita evoluida.Deus tem uma generosidade com você incrivel.Ele te passa ilesa pelas provações.Nossa, senti a frase de novo no meu ouvido na hora que me deparei com essa perda. Deus foi perfeito comigo.Nas intuições, na maneira de me dar a noticia, no conforto que me deu na hora dificil.

O que eu posso fazer, senão mais uma vez repetir o aprendizado? "Entrega, confia, aceita e agradece." E é isso que faço. Entrego minha vida a Deus porque confio nele.Aceito o que ele tem a me oferecer e agradeço sempre.
Não faço questão de explicações e sei que tudo isso um dia fará sentido. Me senti honrada de carregar um anjo no meu ventre.Feliz por poder cuidar dele e dar todo o amor do mundo nessas poucas semanas de vida que ele esteve comigo, e saber que ele cumpriu sua missão ao meu lado.Isso sim é um privilégio.Muitos devem estar me achando uma louca de agradecer tudo isso.Mas, a espiritualidade é assim.Faz a gente ser generosa o suficiente para deixar a vida seguir seu rumo como tem que ser.Se eu ficar presa a essa perda, não vivo e nem o deixo viver no plano que Deus escolheu para ele.A vida precisa seguir.É um renascimento para nós dois.Eu vou aprender muita coisa com essa perda.

Nesse momento, fica a tristeza, que já é parte de ser humana e é como nós humanos vivenciamos e elaboramos o luto das perdas.Choro sim.Me isolo muitas vezes sim.É uma dor só minha por mais que seja compartilhada com todo mundo que faz parte da minha vida.Preciso esgotar a dor.Colocar o corpo e a alma no lugar.Isso leva um tempo.Sei lá quanto tempo.Espero que seja pouco tempo.Gosto de ser feliz.Sou prática quando o assunto é a busca da felicidade.A dor é fato.É inevitável.Já o sofrimento é opcional.E não quero a opção de sofrer.E sei que Deus será generoso mais uma vez em me fazer reerguer no tempo certo.

Quero agradecer a meu companheiro de vida.Meu marido e parceiro na obra prima de ter filhos.Somos imbatíveis nessa parceria.Obrigada pela paciência, pela dedicação e por todo o amor que você dedica a mim e a seus filhos nesses quase 12 anos de amor.Sem você não seria tão feliz.E viveremos lindas histórias ainda pela frente.
Quero agradecer a minha familia pela força sempre.Pela presença, pelas palavras de apoio que me deram nesse momento.Meu porto seguro, sempre.
E agradecer meus amigos que me fizeram "engrandecer" ainda mais para enfrentar essa perda.As palavras de vcs me carregaram no colo.De verdade.
Amigas pimentas, enviadas de Deus, obrigada pelos risos mesmo no momento dolorido.Jamais vou esquecer.

O futuro a Deus pertence."Namastê".